quarta-feira, 24 de novembro de 2010



MÁGICAS FANTASIAS
(André L. Soares)
.
Eu a chamo de anjo, fada…
mas você se diz bruxa
‘- Bruxa do bem’, você ressalta…
e entre as alcunhas
penso milhões de fantasias.
Primeiro, a quero gueixa…
Humilde, servil e obediente,
mulher do Oriente que me olha
submissa e assustada,
apressada a cumprir
os mais absurdos mandamentos,
atendendo prontamente
aos meus mais safados desejos.
Ah… e como também são
descarados seus anseios.
Você logo se impõe
e se me oferece a menina
irônica, sorridente e pequenina,
saia de pregas, jeito de colegial.
Eu, cheio de moral, como pai erudito,
sem dó, marco com palmadas sua bunda,
depois do amor bem feito,
sem marcar o tempo,
feliz por possuir a depravada
adolescente prostituta…
deixo a sempre injusta nota de real
sob o cinzeiro do criado mudo.
Mas não fujo, visto o sobretudo
para ser seu super-homem.
De novo loucuras criativas nos consomem
e sem sair do quarto
voamos pelo mundo
como fariam Clark Kent e Louis Lane.
De volta em meio aos lençóis
você me xinga, você me atiça.
Dedo em riste, eu a chamo puta,
você finge que se assusta.
De joelhos, eu a clamo santa,
você se faz de rogada.
Então a visto da mais ampla nudez
e a exponho assim sobre o andor,
para que vejam a mulher
com a qual eu faço amor.
Depois, em punição, a prendo algemada,
só de calcinha na redoma,
corro à perfumaria
e encho nossas fantasias de aroma.
Agora relaxados, no ar Issey Miyake,…
a cabeça cheia de marijuana,
você se engana e pensa que por hoje
dei stop a nosso filme.
Mas logo a seguro firme pelos braços,
docemente a enlaço pelo meio,
beijo sua boca ao estilo Casablanca.
Parece até adeus no pequeno aeroporto,
mas não nos despedimos, ainda não!
Apenas nos deitamos coladinhos
de conchinha no cantinho do colchão,
para renascermos no outro dia.
.
Pela manhã, perfumado e excitado,
barba feita, banho tomado, já de pé,
trago um sorriso e uma rosa,
a bandeja com o jornal e seu café.
Agora sou romântico e atencioso cavalheiro
ou qualquer outro personagem que você quiser,
amando-a loucamente e por inteiro,
ávido por conhecê-las, uma a uma,…
todas as suas mil facetas de mulher.
.

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